top of page

ESCALA HUMANA 

Trata-se de um estudo sobre a permanência da lógica relacional colonial na arquitetura e no modo de organização das relações humanas na cidade em que moro.

 

No século XIX meus antepassados eram vistos, medidos, avaliados por câmeras de fotográficas para fins de "estudos científicos".

No palco da ciência, cis-homens brancos se enunciavam como os detentores do conhecimento e acreditavam demonstrar por meio de fotos que os seres humanos não-brancos eram racionalmente e moralmente inferiores, primitivos.

No mesmo palco, seres humanos não-brancos performavam o papel designidado pelos brancos detentores de poder (isto é armas, poder de matar), possivelmente como estratégia de vida, se posicionando diante das câmeras fotográficas e seguindo os roteiros indicados para seu papel.

O fotógrafo é o prestador de serviço que faz a mediação entre o ideal e o dinheito do cis-homem branco e a tecnologia fotográfica utilizada como arma de outrização (isto é de subjugação racial). 

Quase dois séculos depois as câmeras de vigilância parecem exercer o papel que outrora tinha sido da fotografia. Repetindo a cena do século XIX, faço da calçada meu palco, da câmera de vigilância e da fotográfica que me registra meus espectadores e eu assumo a direção da cena, ocupo os três papéis descritos anteriormente. 

Repito os movimentos que pesquisei e os que imagino possam ter ocorrido nas cenas do séc. XIX. Repito os gestos até me sentir liberta da metrica, da determinação e da lineradidade do tempo. 

This is a study on the permanence of the colonial relational logic in architecture and on the way in which human relations are organized in the city where I live.

 

In the 19th century my ancestors were seen, measured, evaluated by photographic cameras for the purposes of "scientific studies".

On the stage of science, white cis-men enunciated themselves as the holders of knowledge and believed to demonstrate through photographs that non-white human beings were rationally and morally inferior, primitive.

On the same stage, non-white human beings performed the role designated by the whites with power (ie weapons, power to kill), possibly as a life strategy, positioning themselves in front of the cameras and following the scripts indicated for their role.

The photographer is the service provider who mediates between the ideal and the money of the cis-white man and the photographic technology used as a weapon of outsourcing (that is, racial subjugation).

Almost two centuries later, surveillance cameras seem to play the role that photography once played. Repeating the scene from the 19th century, I make the sidewalk my stage, the surveillance camera and the photograph that registers my spectators and I assume the direction of the scene, occupying the three roles described above.

I repeat the movements I researched and the ones I imagine might have occurred in the 16th century scenes. XIX. I repeat the gestures until I feel free from the metrics, determination and linearity of time.

bottom of page